Energia de valor: vida longa ao etanol!
“Hoje, o etanol tem seu valor reconhecido e deve permanecer em nossa matriz energética por um bom tempo, já que é uma energia absolutamente limpa em termos de ciclo de carbono.”
É dessa forma que o diretor técnico da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph, classifica o biocombustível. Para ele, não há dúvida de que o etanol terá uma vida consideravelmente longa, ainda mais com a implantação do RenovaBio, que é uma iniciativa do Governo Federal para estimular a produção de biocombustíveis no país e deve entrar em vigor em 2020.
No ano que marca quatro décadas de lançamento do primeiro veículo brasileiro a álcool (saiba um pouco mais da história do etanol no infográfico abaixo), Joseph, que começou a trabalhar na indústria automobilística nessa época e acompanhou a evolução dessa tecnologia desde o início, acredita que a eletrificação veio para ficar, mas até que os veículos sejam totalmente movidos a eletricidade, o caminho é longo.
“O problema do motor elétrico é como levar junto a eletricidade. Sempre precisará de bateria ou de gerar energia dentro do carro para fazê-lo se movimentar. Quando falo de bateria, estou falando de durabilidade, de autonomia, da necessidade de ter pontos de abastecimento que permitam recarregar o veículo. Os custos, a capacidade das baterias, a questão da reciclagem das baterias, a disponibilidade da matéria-prima, enfim, ainda há questões sérias a resolver”, explica.
Possibilidades do etanol
Segundo o diretor técnico da Anfavea, o etanol é uma tecnologia que está bem implementada e começa a ser utilizada em combinação com a eletrificação. “Há a possibilidade de usar o etanol no veículo híbrido junto com motor flex e já se visualiza a opção de utilizar o hidrogênio presente no biocombustível como gerador da eletricidade necessária para colocar o motor elétrico em funcionamento”, explica.
O Brasil e outros vizinhos da América Latina que usam o etanol de cana-de-açúcar, como Argentina e Paraguai, e até mesmo os Estados Unidos, que faz uso do biocombustível de milho, levam vantagem sobre países que não dispõem dessa tecnologia e dependem somente da eletrificação para atender aos compromissos ambientais de reduzir as emissões de dióxido de carbono. “Por isso, o etanol deve ser utilizado cada vez mais. E vemos com bons olhos esse crescimento”, afirma Henry Joseph.
Evolução tecnológica
O diretor técnico afirma que antigas preocupações que se tinha com etanol, como a corrosividade, hoje estão dominadas pelos fabricantes, que desenvolvem motores com materiais resistentes. Conforme ele diz, questões que eram peculiares ao etanol, como a dificuldade de partida a frio, não são mais problema, até o antigo tanquinho a gasolina, que era usado para auxiliar a dar a partida no motor, foi eliminado. “Há motores, principalmente os turbos, que conseguem partir a temperaturas baixíssimas simplesmente injetando etanol no motor em altíssima pressão”, explica o especialista.
Henry explica que o computador controla grande parte do motor, o que melhorou muito o rendimento e a performance. “O que temos de tecnologia a bordo dos veículos, os sensores, é infinitamente maior do que há décadas atrás”, afirma.