RenovaBio impacta positivamente a economia e os negócios da Copersucar
Um dos objetivos da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), instituída em 2017, é assegurar a previsibilidade ao mercado de combustíveis, induzindo ganhos de eficiência energética e de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na sua produção, comercialização e utilização, o que impacta positivamente a economia como um todo e os negócios da Copersucar, além dos ganhos ambientais.
O RenovaBio reduz a exposição do etanol à variação do preço da gasolina, que é determinado com base no mercado internacional. Quando a cotação do petróleo está baixa, afeta a demanda do biocombustível. Sem incentivo para continuar a produzir, as usinas reduzem a oferta e investem menos recursos nas suas atividades.
“Sem um mecanismo como o RenovaBio para valorizar os benefícios do etanol, que não são remunerados pelo preço de bomba, mas afetam muito a vida do consumidor, que são a qualidade do ar e todos os seus aspectos ambientais positivos, fica difícil garantir uma oferta menos sazonal do produto”, explica o gerente de Comunicação Corporativa e Relações Institucionais da Copersucar, Bruno Alves Pereira.
Com o RenovaBio, o preço da gasolina na bomba continua sendo importante, mas o Crédito de Descarbonização (CBio), que é negociado na B3, incentiva a produção e a oferta de etanol. “Na prática, esse título é um colchão para as flutuações do preço do açúcar e da gasolina, pois o etanol recebe um prêmio com o CBio”, analisa Bruno.
O profissional da Copersucar acredita que a tendência no médio prazo é que esse mercado cresça bastante. “Há grande potencial, pois as distribuidoras são obrigadas a comprar. Existem também investidores interessados em especular com os títulos e ainda outras empresas que desejam simplesmente neutralizar suas emissões, comprando e aposentando os créditos de descarbonização”, explica Bruno. “Além disso, o CBio é comercializado no Brasil a cerca de R$ 20 a unidade, aproximadamente US$ 4. Ainda é muito baixo, se comparado, por exemplo, com a Califórnia, onde um crédito semelhante vale US$ 200”, afirma.
Metas de emissões
Como forma de contribuir para o Brasil cumprir o compromisso de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) até 2030, firmado no Acordo de Paris, na França, durante a COP-21, em 2015, o Governo Federal definiu metas para as distribuidoras de combustíveis fósseis, que são o pilar do programa. Para neutralizarem suas emissões poluentes, as empresas devem comprar CBios de produtoras de biocombustível, como o etanol.
Desde o fim de junho, todas as 34 usinas sócias da Copersucar estão certificadas no RenovaBio e aptas a emitir e comercializar CBios no mercado financeiro, que podem atingir 6 milhões de títulos por ano.
Em razão da redução do consumo de combustível e a retração econômica, como efeito da pandemia de Covid-19, o Governo decidiu revisar as metas estabelecidas. Realizada em 18 de agosto, o resultado da reunião de revisão não foi publicado até o fechamento desta reportagem. Contudo a meta revista não deve diferir muito da atual, que é de produção de 50 bilhões de litros de etanol até 2030.
Expectativa de crescimento
Na safra 19/20, o Brasil produziu 35,6 bilhões de litros de etanol, o que significa um crescimento em torno de 40% nos próximos 10 anos. “Para cumprir esse compromisso, serão necessários investimentos significativos, com geração expressiva de empregos, sobretudo, no interior do país”, avalia o gerente de Economia e Análise Setorial da UNICA, Luciano Rodrigues.
A última estimativa do setor era a necessidade de investimentos da ordem de R$ 90 bilhões, criando 400 mil empregos diretos e indiretos. Hoje, o setor emprega 750 mil pessoas no país de forma direta e 1,5 milhão, indireta.
Rodrigues aponta dois momentos de investimentos: no curto prazo, na renovação do canavial a cada cinco anos, a fim de aumentar a quantidade de cana-de-açúcar para moagem, e depois, na ampliação da capacidade industrial de produção, via ampliação das usinas já instaladas ou criação de novas. “Sem investimento em capacidade industrial, não teremos condições de aumentar a produção em 40% em 10 anos”, analisa o especialista da UNICA. “Essa previsibilidade que o RenovaBio traz para o setor é fundamental para investir em um negócio que tem um tempo de maturação mais longo”, conclui Luciano Rodrigues.