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Categorias: Copercast
Tags: ABiogás, ANP, biogás, Biometano, Cocal, CoperCast
Publicado em: 22 abril 2021

Biogás e biometano: o potencial energético que nasce no canavial

Em mundo onde a sustentabilidade é cada vez mais relevante, a geração de energia com baixa pegada de carbono ganha visibilidade e projeção. Nesse cenário, o setor sucroalcooleiro brasileiro tem muito a contribuir para mitigar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Segundo o presidente da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), Alessandro Gardemann, o potencial energético do biogás e do biometano é de mais de 100 milhões de m³ de gás por dia, o que poderia substituir quase 70% do diesel consumido no país. “E o melhor, 45% estão na cana-de-açúcar”, afirma o executivo, que falou sobre o assunto no oitavo episódio do CoperCast, o podcast da Copersucar.

O biogás é um combustível 100% vegetal, fruto da decomposição da matéria orgânica por bactérias. O processo na usina tem efeito similar à compostagem, mas, sem a presença de oxigênio, em vez de produzir somente gás carbônico, o resultado é um combustível que mistura metano e gás carbônico. Em sua produção, é possível utilizar insumos que antes eram descartados pelas usinas produtoras de açúcar e etanol de cana-de-açúcar.

Metano é a base do gás natural, existente no subsolo terrestre. O processo de produção nas usinas é controlado e renovável, evitando as emissões involuntárias desse gás no campo. “Purificamos o biogás e o transformamos em uma concentração de 97% de metano, que resulta no biometano”, explica Gardemann. Regulamentado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o biogás pode ser vendido nos postos de combustíveis e injetado em gasodutos, além de abastecer as frotas de caminhões, por exemplo.

Além dos ganhos ambientais, a utilização do bagaço, da vinhaça, torta de filtro e da palha de cana-de-açúcar, subprodutos da produção da usina, permite estocar e operar biogás o ano inteiro, o que confere às usinas estabilidade e controle total do processo.

Projeto de biogás pioneiro e mais completo no Brasil

A usina Cocal, associada da Copersucar, está construindo no interior paulista a primeira unidade dedicada exclusivamente à produção de biogás do país. Gardemann não esconde a empolgação: “Instalada a 250 km de qualquer gasoduto, a usina utiliza linhaça, torta de filtro e palha no processo, opera o ano inteiro, gera energia elétrica e tem um gasoduto de 68 km, que liga Narandiba a Presidente Prudente”, informa o presidente da ABiogás. “É um projeto pioneiro e completo, que demonstra o potencial, a revolução que a gente pode fazer integrando o biogás na cana-de-açúcar”, declara.

A usina, que visa atender às cidades de Presidente Prudente e a vizinha Pirapozinho, já utiliza caminhões e tratores movidos a biometano. “É o primeiro sistema isolado do Brasil de biometano, levando gás verde para uma população que sequer recebia gás. Isso abre um novo espaço para o desenvolvimento industrial da região”, avalia Gardemann.

O gás natural de origem fóssil já move quase 500 mil caminhões na China e abastece veículos e equipamentos pesados nos Estados Unidos, na União Europeia, Ásia e no Oriente Médio. Segundo Alessandro Gardemann, é possível integrar o gás fóssil com o gás renovável no Brasil. “Precisamos criar uma infraestrutura de distribuição e logística, mas a tecnologia para uso de gás em veículos automotores e pesados já existe”, explica. “O biogás é uma fonte de energia limpa e eficiente, que tem um futuro promissor na matriz energética nacional.”