
Etanol hidratado e anidro: entenda as diferenças
Abastecimento com Etanol.
O consumidor que opta por um combustível renovável e benéfico ao meio ambiente certamente está acostumado a abastecer o seu carro com o etanol hidratado, que é o álcool encontrado na bomba dos postos de abastecimento. Mas nem todos conhecem a diferença entre etanol anidro e hidratado, o etanol anidro, é amplamente utilizado no Brasil, já que a gasolina vendida nos postos contém 27% de mistura do biocombustível. A diferença principal é o teor de água presente no etanol. “Enquanto no etanol hidratado a concentração máxima de água permitida pela lei brasileira é de 7,5% (m/m), no anidro fica em 0,7% (m/m)”, explica o consultor técnico para Especificação e Qualidade da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), José Luís Godoy.
O processo de retirada da água é fundamental para evitar a separação do etanol e da gasolina dentro do tanque de combustível dos veículos, o que pode comprometer o desempenho e a vida dos motores. No entanto, os dois tipos seguem o mesmo processo de produção até a etapa de fermentação, quando surge primeiro o etanol hidratado e só depois, o anidro.
“O ‘vinho’ é uma mistura de etanol e água, obtida na fase da fermentação dos açúcares, que ainda passa pela destilação para atingir um teor alcoólico máximo da ordem de 96° GL (v/v), que é o etanol hidratado”, diz o especialista. “Como sua concentração não pode ser aumentada apenas pela destilação, a produção do etanol anidro requer ainda mais uma etapa, chamada de desidratação, em que se evapora a água para separá-la do álcool”, complementa.
Etanol anidro na gasolina: vantagens
O acréscimo de etanol anidro à gasolina produzida no Brasil foi instituído em 1938, pelo Decreto-Lei 737, em porcentagens que deveriam ser acordadas entre o Conselho Nacional do Petróleo (CNP) e o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), órgãos de governo existentes à época. Até então, o etanol era misturado somente à gasolina importada.
O percentual de anidro ao combustível fóssil sofreu alterações com o passar dos anos. Hoje, a mistura é de 27% na gasolina comum e de 25%, na premium, conforme determina a Portaria nº 75 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de 5 de março de 2015. A principal vantagem ambiental de adicionar álcool à gasolina é a redução da emissão de gases de efeito estufa, explica o professor e chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia, Renato Romio. Além de reduzir a poluição atmosférica e o aquecimento global, a adição de etanol à gasolina contribui para geração de empregos no Brasil e diminui a dependência do combustível fóssil importado, já que a produção de gasolina no país é insuficiente para toda a demanda.
Outro grande benefício é que o etanol aumenta o índice de octanagem da gasolina comum, o que é melhora o desempenho do motor. “Essa função foi exercida durante muito tempo pelo chumbo tetraetila. Porém, descobriu-se que essa substância química é poluente e cancerígena, e ela foi sendo substituída pelo etanol anidro, que é limpo e inofensivo”, afirma Romio, que também é presidente do Conselho da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).